A aventura começa com a exibição de um pequeno poema localizado em francês, que serve para apresentar o cenário. Este último pode ser legitimamente chamado de "selo postal", pois se resume a derrotar Golias subaquáticos para acordar uma máquina adormecida. Ao contrário de Inside ou de outros jogos narrativos do gênero, não há realmente nenhum significado oculto (ou assim o perdemos) e o universo não parece se prestar a decifrações complexas. Por outro lado, o mundo subaquático que nos é apresentado é absolutamente esplêndido... à sua maneira! Esqueça logo as cores cintilantes, a água turquesa, os balés dos peixes e as majestosas baleias ao estilo Abzû, porque aqui tudo é escuro, sujo e perigoso. Feito inteiramente em 2D e em preto e branco, o jogo nos oferece uma direção artÃstica deliciosamente deprimente e perturbadora. Luzes brilhantes, cantos escuros, contrastes marcados e outros claros-escuros formam uma galeria de pinturas muito atraente. Em termos de criaturas e cenários, o trabalho dos artistas do estúdio lembra à s vezes o de HR Giger. Os animais subaquáticos são mais parecidos com alienÃgenas do que com golfinhos ou peixes. É obviamente o caso dos quatro chefes a derrotar, claramente inspirados na fantasia, mas os habitantes do fundo do mar mais clássico não ficam atrás em termos de agressividade. Plantas carnÃvoras não comem apenas moscas, peixes gigantes com dentes afiados são tão perigosos quanto parecem, e até mesmo uma pequena sanguessuga pode acabar matando seu mergulhador!
LINDA COMO O LIMBO
Gráficos em preto e branco, criaturas muito nojentas e jogabilidade "à la Playdead" nos fazem sentir regularmente como se estivéssemos evoluindo em um Limbo subaquático. Um pouco demais! O maior problema do Silt, além de alguns pequenos problemas de colisão que podem ser facilmente perdoados, decorre de sua falta de ambição. Assim como Limbo, Inside, Little Nightmares e outros, ele se contenta com uma vida útil curta (três horas neste caso) e conta apenas com alguns quebra-cabeças para resolver, sua beleza e a força de seu universo para seduzir os jogadores. Mas o que funcionou em outros lugares por anos está começando a ficar um pouco aquecido. É difÃcil dizer se é apenas um mau momento ou falta de sinceridade por parte dos desenvolvedores, mas o entusiasmo mal aparece. Joga bem, é legal, mas não deixa memórias duradouras. O único elemento que se destaca um pouco vem da mecânica de jogo principal, que se baseia no princÃpio da posse.
Totalmente desarmado na base, nosso mergulhador pode, no entanto, assumir o controle de certas criaturas. Assim, encarnar um tubarão-martelo permite que ele esmague certas paredes, enquanto dirigir uma piranha é usado para cortar cipós. Os caranguejos saltam e podem danificar algumas máquinas perigosas, o espadarte veloz abre caminho através de plantas carnÃvoras, a arraia pode se teletransportar alguns metros e uma explosão da enguia elétrica pode reiniciar um circuito ou ajudar a derrotar um chefe. Detalhe que agrada porque complica certos puzzles e simplifica outros: esta posse é transitiva, pelo que é possÃvel passar de uma criatura a outra sem ter de regressar ao mergulhador. Mas esta jogabilidade não muda o caso: depois de três horas, alguns quebra-cabeças e quatro chefes, a máquina mencionada na introdução reinicia, o jogo termina e a sensação de déjà vu não desaparece ...